quinta-feira, agosto 09, 2007

The Observer

"O meu filho começou a andar com oito meses" ou "A minha filha com um ano já dizia muitas palavras" ou ainda "A minha filha está com três anos e já sabe escrever o nome dela".

Quem nunca ouviu pais ou mães contarem as peripécias dos seus, mais-que-tudo, filhos. É muito engraçado estar do lado de lá, ou seja, do lado daqueles que não se cansam de contar as grandes capacidades dos seus pequenos prodígios. Eu gosto e não acho que seja errado, gabarolice. Para mim não é.

Acho perigoso, contudo, fazer com que estas facetas sejam, para nós, troféus que colocamos nas prateleiras das nossas conversas com amigos, colegas, quem quer que seja. Sempre esperando, desejando até, que o nosso filho seja o mais destacado, o mais multifacetado. Até a hiper-actividade parece algo que todas as crianças de hoje em dia têm. Já não são crianças ?

Tenho aprendido uma coisa nestes três anos de paternidade, que é perceber os sinais do desenvolvimento do meu pequeno herói. Sinais que ele nos dá e não sinais que nós lhe queremos impôr. Por exemplo, não consigo fazer com que o meu filho decore as cores dos seus brinquedos. Por mais que insista ele está sempre a trocar, sempre a dizer errado. Já percebi que é de propósito, pois há momentos, raros e de aparente extrema concentração, em que ele lá diz as cores certas. O que ele gosta é que eu lhe diga as cores.

Enfim, o que quero dizer com tudo isto é que uma das muitas missões enquanto pais é saber o momento certo para lhe ensinar o que-quer-que seja.

Não adianta tentar fazê-los andar se eles não querem. Não adianta colocar um lápis nas suas mãos e ficar a espera de um lindo desenho se o que eles querem é tocar bateria (no meu caso). Não adianta insistir em algo para o qual eles não estão preparados.

Tenho visto isto no meu filho de maneira sistemática.

Por muitas vezes tentámos fazer com que ele comesse a sua refeição sozinho. Afinal, ele já sabia muito bem manejar uma colher. O resultado era sempre roupa suja e pais irritados. Agora, quando vamos para a mesa, ele próprio diz que vai comer sozinho e tudo corre bem. Para dormir a mesma coisa. Antes era uma luta para colocá-lo na sua cama e esperar que ele adormecesse sozinho. Optámos por deixá-lo adormecer conosco para depois levá-lo para a sua cama. Esperamos que ele estivesse pronto para o próximo passo. Não demorou muito. Hoje colocamos o rapaz na sua cama, contamos uma história, fazemos uma oração e dizemos "Boa Noite" e ainda que fiquemos acordado e zanzando pela casa ele não sai mais de lá. Incrível. Lindo.

Portanto, para além de todos os outros atributos temos mais este: Observadores.

Não se esqueçam.

1 comentário:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.